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No decorrer de nossas vidas, nosso arquivo mental registra imagens que jamais serão apagadas, porque representam momentos que, de alguma forma, nos marcaram profundamente. Elas estão lá, em alguma das (milhões) gavetas da nossa mente e, todas as vezes que lembramos de um determinado assunto, ela surge na nossa frente como uma fotografia. É o que acontece, por exemplo, quando a mãe recorda a primeira vez que viu o filho, não tem como esquecer essa imagem.
Assim, ocorre com outros fatos significativos da história da humanidade como, por exemplo: a cena, de 1972, da menina Kim Phuc correndo nua, com o corpo queimado, após a explosão de uma bomba química, na Guerra do Vietnã. A foto, de 1993, do garoto Kong Nyong e de um abutre, mostrando a pobreza e fome no Sudão. A foto, de 2015, do menino sírio Aylan Kurdi, de três anos, que morreu afogado numa praia da Turquia. Contudo, nenhum evento recente teve o impacto que a pandemia do corona vírus tem provocado, ela mudou os cenários do mundo todo, provocando imagens chocantes, pois, não se trata de um incidente isolado, que ocorre em um determinado local, mas de um que atinge a humanidade.
Existe uma expressão popular, de autoria do filósofo chinês Confúcio, que diz que uma imagem vale mais que mil palavras, porque traz com ela, não apenas uma história, mas, as emoções que a envolve, despertando, no expectador, sentimentos, muitas vezes, inimagináveis. Com certeza, no futuro, quando evocarmos nossa memória sobre os momentos difíceis que vivemos nesse período, não esqueceremos de uma das imagens mais fortes e, talvez, a mais emblemática dos últimos dias, que foi a do papa Francisco, na tarde do dia 27 de março, na praça de São Pedro para conceder a benção mundial em meio à pandemia da Covid-19.
A praça de Roma estava vazia, às 18h de uma sexta-feira, o que por si só já é uma imagem rara, agravada pelo frio e pela chuva que deixou o dia mais escuro e tristonho, ver um dos maiores líderes mundiais caminhando, solitário, de cabeça baixa, foi impactante e não será esquecida, pois reflete a tristeza e a desolação que assola o mundo todo, em decorrência de uma luta, até agora desigual, contra o inimigo invisível que já infectou quase 2 milhões de pessoas e fez mais de 114 mil mortos.
No entanto, segundo Indira Gandhi, o principal objetivo da vida é acreditar, esperar e lutar, agregado com a mensagem transmitida pelo papa Francisco, ao longo das missas que tem celebrado, de que a desolação não pode minimizar a nossa fé, outras imagens, também, estão marcando esse período, que são de solidariedade e de confiança de que tudo vai passar, porque, depois da escuridão e da tempestade, o sol sempre volta a brilhar. Inclusive, tem uma música dos Titãs que tem essa mensagem: "... quando não houver saída, quando não houver mais ilusão...mesmo sem amor e sem direção... enquanto houver sol... em cada um de nós, há de haver esperança, porque ninguém está sozinho e é caminhando que se faz o caminho."